A respeito da vida de Fernão Lopes carecem os dados biográficos conclusivos
A hipótese é de que o cronista-historiador teria nascido na cidade de Lisboa entre os anos de 1380 e 1390, e frequentado o Estudo Geral, apesar de uma provável origem familiar mesteiral.
O registro mais antigo sobre sua vida é um documento datado de 1418 que informa ser Fernão Lopes guarda-mor da Torre do Tombo, cargo de alta confiança em que era encarregado de guardar e conservar os arquivos do Estado.
Registra-se também que ele ocupou a função de “escrivão dos livros” de D. Duarte passando, em 1419, a escrivão de D. João I]]. Neste momento teria começado a escrever a Crónica dos Sete Primeiros Reis de Portugal.
Em 1422 ocupa a função de escrivão de puridade do Infante D. Fernando.
Algum tempo depois, em 1434, sob o reinado (1433-1438) de D. Duarte inicia, “sob a incumbência oficial de colocar os feitos dos reis portugueses na forma de crônica, a escrita da Crônica de D. Joao I. Seria substituído como cronista no ano de 1451, por Gomes Eanes de Zurara.
Deixa de ser, em 1454, guarda-mor da Torre do Tombo, em virtude da avançada idade. A última informação dá conta de que Fernão Lopes ainda vivia em 1459, sendo incerta a data de sua morte.Segundo informações no prefácio da Chronica de El-Rei D. Pedro I, escrito por Luciano Cordeiro, após deixar a função de guarda-mor, Fernão Lopes teria ainda vivido por mais 5 anos, falecendo próximo aos 80 anos de idade.
Fernão Lopes forma-se num contexto próximo a acontecimentos que se faziam recentes na memória dos portugueses, a saber, os mais significativos: Crise de 1383-1385 e a Batalha de Aljubarrota (1385). O primeiro acontecimento foi um golpe sucessório “auxiliado pela população camponesa, comerciantes, alguns membros da nobreza e ordens religiosas, principalmente franciscanos, que assegurou a ascensão do Mestre de Avis, D. João I, ao trono português. D. João I sairia fortalecido como rei de Portugal com o reconhecimento da legitimidade da dinastia avisina através da assinatura do Tratado de Windsor (1386), entre Portugal e Inglaterra e do seu casamento com D. Filipa de Lencastre.
Ao rei eleito e popular, D. João I, sucedeu um rei mais aliado a aristocracia, D. Duarte. Cresceu o poder feudal dos filhos de D. João I, e com ele o predomínio da nobreza, que saíra gravemente abalada da crise da independência. Assistiu-se à guerra civil subsequente à morte de D. Duarte, à insurreição de Lisboa contra a rainha viúva D. Leonor, e à eleição do infante D. Pedro por esta cidade, e em seguida pelas cortes, para o cargo de Defensor e Regedor do Reino, em circunstâncias muito parecidas com as que tinham levado o Mestre de Avis ao mesmo cargo e seguidamente ao trono em 1383-1385.
Sendo assim, Fernão Lopes entrara, certamente, em contato com testemunhos dos acontecimentos, sendo estes eventos relatados em sua obra de 1443, Crônica de D. João I. Pode, dessa forma, consultar os protagonistas envolvidos na resistência contra Castela e na paz firmada no ano de 1411 com o mesmo reino, através do Tratado de Ayllón, ratificado em 1423.
Diante desta conjuntura política e social conturbada Fernão Lopes foi designado, por D. Duarte, a croniciar as façanhas da dinastia de Avis. No entanto, mesmo designado oficialmente para compor uma história portuguesa, sua historiografia não é regiocêntrica. O autor, mesmo que utilize o rei como centro da história, demonstra em sua narrativa grande interesse pelo povo e pelas influências destes nas conformações sociais de Portugal. Das crónicas que Fernão Lopes escreveu, restam-nos apenas três:
- Crónica de el-rei D. Pedro
- Crónica de el-rei D. Fernando
- Crónica de el-rei D. João I
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