segunda-feira, 2 de julho de 2012

Gill Vicente e Suas Principais Obras

Gil Vicente (c. 1465 — c. 1536?) é geralmente considerado o primeiro grande dramaturgo português, além de poeta de renome. Enquanto homem de teatro, parece ter também desempenhado as tarefas de músico, actor e encenador. É frequentemente considerado, de uma forma geral, o pai do teatro português, ou mesmo do teatro ibérico já que também escreveu em castelhano - partilhando a paternidade da dramaturgia espanhola com Juan del Encina.
Há quem o identifique[quem?] com o ourives, autor da Custódia de Belém, mestre da balança, e com o mestre de Retórica do rei Dom Manuel.
A obra vicentina é tida como reflexo da mudança dos tempos e da passagem da Idade Média para o Renascimento, fazendo-se o balanço de uma época onde as hierarquias e a ordem social eram regidas por regras inflexíveis, para uma nova sociedade onde se começa a subverter a ordem instituída, ao questioná-la. Foi, o principal representante da literatura renascentista portuguesa, anterior a Camões, incorporando elementos populares na sua escrita que influenciou, por sua vez, a cultura popular portuguesa.          

Obras

                              

A Historiografia de Fernão Lopes

Fernão Lopes (Lisboa, entre 1380 e 1390 - Lisboa cerca de 1460) foi guarda-mor da Torre do Tombo, tabelião geral do reino e cronista dos reis d
A respeito da vida de Fernão Lopes carecem os dados biográficos conclusivos
A hipótese é de que o cronista-historiador teria nascido na cidade de Lisboa entre os anos de 1380 e 1390, e frequentado o Estudo Geral, apesar de uma provável origem familiar mesteiral.
O registro mais antigo sobre sua vida é um documento datado de 1418 que informa ser Fernão Lopes guarda-mor da Torre do Tombo, cargo de alta confiança em que era encarregado de guardar e conservar os arquivos do Estado.
Registra-se também que ele ocupou a função de “escrivão dos livros” de D. Duarte passando, em 1419, a escrivão de D. João I]]. Neste momento teria começado a escrever a Crónica dos Sete Primeiros Reis de Portugal.
Em 1422 ocupa a função de escrivão de puridade do Infante D. Fernando.
Algum tempo depois, em 1434, sob o reinado (1433-1438) de D. Duarte inicia, “sob a incumbência oficial de colocar os feitos dos reis portugueses na forma de crônica, a escrita da Crônica de D. Joao I. Seria substituído como cronista no ano de 1451, por Gomes Eanes de Zurara.
Deixa de ser, em 1454, guarda-mor da Torre do Tombo, em virtude da avançada idade. A última informação dá conta de que Fernão Lopes ainda vivia em 1459, sendo incerta a data de sua morte.Segundo informações no prefácio da Chronica de El-Rei D. Pedro I, escrito por Luciano Cordeiro, após deixar a função de guarda-mor, Fernão Lopes teria ainda vivido por mais 5 anos, falecendo próximo aos 80 anos de idade.
Fernão Lopes forma-se num contexto próximo a acontecimentos que se faziam recentes na memória dos portugueses, a saber, os mais significativos: Crise de 1383-1385 e a Batalha de Aljubarrota (1385). O primeiro acontecimento foi um golpe sucessório “auxiliado pela população camponesa, comerciantes, alguns membros da nobreza e ordens religiosas, principalmente franciscanos, que assegurou a ascensão do Mestre de Avis, D. João I, ao trono português. D. João I sairia fortalecido como rei de Portugal com o reconhecimento da legitimidade da dinastia avisina através da assinatura do Tratado de Windsor (1386), entre Portugal e Inglaterra e do seu casamento com D. Filipa de Lencastre.
Ao rei eleito e popular, D. João I, sucedeu um rei mais aliado a aristocracia, D. Duarte. Cresceu o poder feudal dos filhos de D. João I, e com ele o predomínio da nobreza, que saíra gravemente abalada da crise da independência. Assistiu-se à guerra civil subsequente à morte de D. Duarte, à insurreição de Lisboa contra a rainha viúva D. Leonor, e à eleição do infante D. Pedro por esta cidade, e em seguida pelas cortes, para o cargo de Defensor e Regedor do Reino, em circunstâncias muito parecidas com as que tinham levado o Mestre de Avis ao mesmo cargo e seguidamente ao trono em 1383-1385.
Sendo assim, Fernão Lopes entrara, certamente, em contato com testemunhos dos acontecimentos, sendo estes eventos relatados em sua obra de 1443, Crônica de D. João I. Pode, dessa forma, consultar os protagonistas envolvidos na resistência contra Castela e na paz firmada no ano de 1411 com o mesmo reino, através do Tratado de Ayllón, ratificado em 1423.
Diante desta conjuntura política e social conturbada Fernão Lopes foi designado, por D. Duarte, a croniciar as façanhas da dinastia de Avis. No entanto, mesmo designado oficialmente para compor uma história portuguesa, sua historiografia não é regiocêntrica. O autor, mesmo que utilize o rei como centro da história, demonstra em sua narrativa grande interesse pelo povo e pelas influências destes nas conformações sociais de Portugal. Das crónicas que Fernão Lopes escreveu, restam-nos apenas três:
e Portugal D. João I e D. Duarte e do infante D. Fernando

Cronista-historiador

Fernão Lopes é considerado um cronista-historiador. Ele redimensiona o gênero cronístico ao limitar as narrativas tradicionais panegíricas, abrindo espaço de autonomia da narrativa histórica através de uma metodologia em que pudesse chegar a uma “verdade nua”. Nessa metodologia Fernão Lopes ordena as “estórias” cronologicamente, buscando uma hierarquia explicativa para os acontecimentos. Enquanto cronista assumia uma posição de autoridade, de distanciamento e isenção, atributos capazes de detectar e controlar os subjetivismos dos discursos (mundanal afeiçom) e, assim, chegar à “verdade nua”.

A Poesia Palaciana

A poesia palaciana, assim chamada porque surgiu dentro dos palácios, era feita por nobres e para a nobreza, retratando usos e costumes da corte. Era cultivada pela aristocracia nos serões (saraus).
Desenvolvida nos anos de 1400, ficou também conhecida como poesia quatrocentista. Ao contrário da poesia trovadoresca que estava associada à música e era cantada ou bailada, a poesia palaciana era composta para ser lida ou declamada nas cortes. De modo que seus autores trabalhavam com maior zelo o poema. Por isso, a poesia palaciana caracterizava-se por ser mais apurada, atraente e variada do que a trovadoresca, embora com certa artificialidade e pobre em conteúdo.
Inspiravam-se os poetas palacianos nos feitos históricos, na dramaticidade, no lirismo sentimental, sutil e sofisticado (predominante) sem abandonar, contudo, temas comuns aos trovadores medievais: a coita amorosa, a súplica triste e apaixonada e a sátira.
A métrica empregada eram as redondilhas que podiam ser de dois tipos: a rendodilha maior (com sete sílabas) e a menor (com cinco sílabas) e era normal o uso do mote (tema, motivo). Havia os subgêneros como:
O Vilancete composto por um mote de 2 ou 3 versos, seguido de glosa (desenvolve um mote, em geral em tantas estrofes quantos são os versos deste e acabando cada estrofe com um deles).
A Esparsa: expressava tristeza ou melancolia, geralmente, composta de 8 a 16 versos em somente uma estrofe, não tinha mote nem a repetição dos versos.
A Cantiga expressava temas amorosos, tinha o mote de 4 ou 5 versos ou de uma glosa de 8 a 10 versos.
A Trova não tinha tema definido, mas devia ter 4 versos ou 8 versos. Eram muito utilizadas tanto em poemas curtos como nos longos.
À Redondilha maior era a métrica comum destes subgêneros.
Todas as poesias desse período, cerca de mil poesias de 286 autores, dos mais variados tipos (da poesia religiosa a sátira), estão reunidas no Cancioneiro Geral de Garcia Resende, publicado em 1516. Entre os poetas mais destacados dessa antologia poética contam-se o próprio Garcia de Resende, João Ruiz de Castelo Branco, Jorge d' Aguiar, Aires Teles, Gil Vicente, Bernardim Ribeiro, Sá de Miranda, entre outros.